sexta-feira, 10 de maio de 2013
terça-feira, 26 de março de 2013
A maior prisão que podemos ter na vida é aquela quando a gente descobre que estamos sendo não aquilo que somos, mas o que o outro gostaria que fôssemos.
Geralmente quando a gente começa a viver muito em torno do que o outro gostaria que a gente fosse, é que a gente tá muito mais preocupado com o que o outro acha sobre nós, do que necessariamente nós sabemos sobre nós mesmos.
O que me seduz em Jesus é quando eu descubro que nEle havia uma capacidade imensa de olhar dentro dos olhos e fazer que aquele que era olhado reconhecer-se plenamente e olhar-se com sinceridade.
Durante muito tempo eu fiquei preocupado com o que os outros achavam ao meu respeito. Mas hoje, o que os outros acham de mim muito pouco me importa [a não ser que sejam pessoas que me amam], porque a minha salvação não depende do que os outros acham de mim, mas do que Deus sabe ao meu respeito.
Padre Fábio de Melo

domingo, 24 de março de 2013
Semana da Páscoa época de grande Reflexão
Segundo as Visões de Anna Catharina Emmerich:
Jesus condenado à more na Cruz
Pilatos, que não procurava a verdade, mas apenas uma saída para a dificuldade, estava mais indeciso que nunca. A consciência dizia-lhe: “Jesus é inocente”. A esposa mandara dizer-lhe: “Jesus é santo”. A superstição dizia-lhe: “É um inimigo de teus deuses”. A covardia dizia-lhe: “É um deus e vingar-se-à”.
Interroga mais uma vez a Jesus, em tom inquieto e solene e Jesus lhe fala dos seus mais ocultos crimes, prediz-lhe um futuro e uma morte miseráveis e que um dia virá, sentado sobre as nuvens do céu, pronunciar sobre ele um juízo justo, o que deita na falsa balança da justiça de Pilatos um novo peso contra a intenção de soltar Jesus. Ficou furioso por se ver em toda a nudez de sua ignomínia interior diante de Jesus, a quem não podia compreender; sentiu-se indignado daquele que mandara açoitar e que podia mandar crucificar, lhe predizer um fim miserável; dessa boca, quem nunca acusada de mentira, que não proferia uma só palavra em sua própria defesa, ousar, em ocasião extremamente arriscada, citá-lo perante seu justo tribunal, naquele dia futuro.
Tudo isso lhe ofendeu profundamente o orgulho; mas como não havia sentimento dominante nesse homem miserável e indeciso, ficou cheio de medo diante da ameaça do Senhor e fez a última tentativa de libertar Jesus. Ouvindo, porém, a ameaça dos judeus de acusá-lo perante o imperador, se soltasse Jesus, foi dominado por outro pavor covarde: o medo do imperador terrestre venceu o receio do rei cujo reino não era deste inundo. O celerado covarde e irresoluto pensava consigo: “Se Ele morrer, morrerá também com Ele o que sabe de mim e o que me predisse”.
À ameaça dos judeus de acusá-lo perante o imperador, decidiu-se Pilatos a fazer-lhes a vontade, contrariamente à promessa que fizera à esposa, contrariamente à justiça e à própria convicção. Por medo do imperador, entregou aos judeus o sangue de Jesus, mas para a própria consciência não tinha senão água, que fez derramar sobre as mãos, exclamando: “Sou inocente do sangue deste Justo, respondereis por Ele”.
– Não, Pilatos, tu és responsável, pois que O dizes Justo e Lhe derramas o sangue; és o juiz injusto, sem consciência. O mesmo sangue de que queria lavar as mãos e de que não podia lavar a alma, os sanguinários judeus chamaram-nO sobre si e seus filhos, amaldiçoando-se a si mesmos. O sangue de Jesus, que atrai a misericórdia de Deus sobre nós, fizeram-nO chamar a vingança sobre eles, gritando: “Que o seu sangue caia sobre nós e nossos filhos”.
Ouvindo esses gritos sanguinários, Pilatos mandou preparar tudo para pronunciar a sentença. Deu ordem para trazer outras vestes solenes e vestiu-as; puseram-lhe na cabeça uma espécie de coroa ou diadema, no qual havia uma pedra preciosa ou outra coisa brilhante; vestiram-no também de outro manto e diante dele levavam um bastão. Foi acompanhado de muitos soldados; oficiais do tribunal iam na frente, transportando uma coisa e seguiam-se escreventes, com rolos de papel e tabuinhas, precedidos por um homem que tocava trombeta.
Assim saiu do palácio para o fórum, onde, em frente ao lugar da flagelação, havia um belo assento elevado, construído de pedras, para pronunciar as sentenças; só depois de pronunciadas desse lugar tinham as sentenças vigor legal. Esse tribunal era chamado Gábata e era um estrado circular, para o qual subiam escadas de vários lados; em cima havia um assento para Pilatos e atrás dele um banco, para outros membros do tribunal.
Muitos soldados cercavam esse tribunal e em parte ficavam nos degraus das escadas. Muitos dos fariseus já tinham ido do palácio de Pilatos ao Templo. Somente Anás e Caifás, com cerca de vinte e oito outros, se dirigiram ao tribunal no fórum, logo que Pilatos começou a vestir as vestimentas oficiais. Os dois ladrões já haviam sido conduzidos ao tribunal, quando Pilatos apresentou Jesus ao povo, dizendo: Ecce homo! O assento de Pilatos estava coberto de uma manta vermelha e sobre essa havia uma almofada azul, com galões amarelos.
Jesus, ainda vestido do rubro manto derrisório, com a coroa de espinhos na cabeça, as mãos atadas, foi então conduzido pelos esbirros e soldados que O cercavam, entre as vaias do povo, para o tribunal, onde O colocaram entre dois ladrões. Pilatos, sentado no tribunal, disse mais uma vez, em voz alta, aos inimigos de Jesus: “Eis aí o vosso rei!” Eles, porém, gritaram: “Fora! Morra! Crucifica-O!” – Pilatos disse: “Devo então crucificar vosso rei?” – Mas os príncipes dos sacerdotes gritaram: “Não temos outro rei senão o César”.
Então Pilatos não disse mais palavra em favor de Jesus, nem mais Lhe falou, mas começou a pronunciar a sentença. Os dois ladrões tinham sido condenados, já havia mais tempo, à morte na cruz, mas a execução fora adiada para esse dia, a pedido dos Sumos Sacerdotes, porque queriam ultrajar Jesus, crucificando-O entre assassinos ordinários. As cruzes dos ladrões já estavam ao lado deles, no chão, trazidas pelos ajudantes dos carrascos. A Cruz de Nosso Senhor ainda não estava lá, provavelmente porque a sentença ainda não fora pronunciada.
A Santíssima Virgem, que se tinha afastado depois da apresentação de Jesus por Pilatos e da gritaria sanguinária dos judeus, abriu caminho, em companhia de algumas mulheres, por entre a multidão e aproximou-se do tribunal, para ouvir a sentença de morte, proferida contra seu Filho e Deus; Jesus estava nos degraus da escada, diante de Pilatos, rodeado de soldados e os inimigos lançavam-Lhe olhares cheios de ódio e escárnio. Um toque de trombeta ordenou silêncio e Pilatos pronunciou, com a raiva de um covarde, a sentença de morte contra o Salvador.
Senti-me sufocada de indignação, diante de tanta baixeza e duplicidade; o aspecto desse celerado arrogante, do triunfo e ódio sanguinário dos príncipes dos sacerdotes, satisfeitos após tantos esforços fatigantes, o estado lastimoso e os sofrimentos do pacientíssimo Salvador, a indizível angústia e os tormentos da Mãe Santíssima e das santas mulheres, a furiosa ansiedade com que os judeus esperavam a morte da presa, o frio orgulho dos soldados e minha visão das horrendas figuras diabólicas entre a multidão do povo, tudo isso me tinha aniquilado completamente. Ai! Percebi que eu devia estar no lugar de Jesus, meu querido esposo; então a sentença seria justa. Eu estava tão dilacerada pela dor, que não me lembro mais da ordem exata das coisas. Vou contar mais ou menos o que me lembro.
Pilatos começou por um longo preâmbulo, em que se referiu com os mais pomposos títulos ao imperador Cláudio Tibério. Depois expôs a acusação contra Jesus, que fora condenado à morte pelo Sumos Sacerdotes e cuja crucificação tinha sido unanimemente exigida pelo povo, por ser um rebelde, perturbador da paz pública, violador da lei judaica, por se fazer chamar Filho de Deus e rei dos judeus.
Quando, porém, acrescentou ainda que achava essa sentença justa, - ele que por várias horas continuara a declarar Jesus inocente, quase não pude conter-me mais, à vista desse homem infame e mentiroso. Ele disse ainda: “Por isso condeno Jesus Nazareno, rei dos judeus, a ser pregado na Cruz”. Depois deu ordem aos carrascos que fossem buscar a cruz. Também me lembro, mas não tenho plena certeza, que ele quebrou uma vara comprida, cuja metade era visível e lançou os pedaços aos pés de Jesus.
A essas palavras a Mãe de Jesus caiu por terra sem sentidos e como morta; agora então estava decidida, era certa a morte de seu santíssimo e amantíssimo Filho e Salvador, morte horrível, dolorosa, ignominiosa. As companheiras e João levaram-na para fora da multidão, para que aqueles homens cegos de coração não pecassem, insultando a dolorosa Mãe do Salvador; mas Maria não podia deixar de seguir o caminho da Paixão de Jesus; as companheiras viram-se obrigadas a levá-la outra vez de lugar em lugar; pois o culto misterioso de unir-se-Lhe nos sofrimentos impelia a Santíssima Mãe à oferecer o sacrifício de suas lágrimas em todos os lugares onde o Redentor, seu Filho, sofrera pelos pecados dos homens, seus irmãos; e assim a Mãe do Senhor consagrou com as lágrimas todos esses santos lugares e tomou posse deles para a futura veneração pela Igreja, Mãe de todos nós, como Jacó erigiu uma pedra e, ungindo-a com óleo, consagrou-a em memória da promissão, que ali recebera.
A sentença foi escrita, mesmo no tribunal, por Pilatos e copiada mais de três vezes, por aqueles que lhe estavam atrás. Enviaram vários mensageiros, porque alguns dos documentos precisavam ser assinados por outras pessoas; não me lembro se esses documentos faziam parte da sentença ou se eram outras ordens. Contudo foram também alguns desses documentos levados a lugares distantes.
Havia, porém, ainda outra sentença, escrita por Pilatos mesmo e que lhe provava claramente a duplicidade; pois tinha teor totalmente diferente da sentença que pronunciara; vi como a escreveu contra a vontade, com o espírito atormentado e um anjo irado a dirigir-lhe a mão. Esse documento, de cujo conteúdo tenho apenas uma lembrança vaga, dizia mais ou menos o seguinte:
“Compelido pelos Sumos Sacerdotes e o Sinédrio e ameaçado por uma iminente insurreição do povo, que acusavam Jesus de Nazaré de agitação contra a autoridade, de blasfêmia e de desprezo da lei judaica, exigindo-Lhe a morte, entreguei-lhes o mesmo Jesus, para ser crucificado, não tanto movido pelas acusações, que em verdade não achei fundo, não tanto movido pelas acusações, que em verdade não achei fundadas, mas para não ser acusado perante o imperador, de favorecer a insurreição e negar justiça aos judeus. Entreguei-O porque exigiram com violência a morte, como transgressor da lei; e com Ele dois ladrões, já antes condenados, cuja execução fora adiada por maquinações dos judeus, porque queriam que fossem executados junto com Jesus”.
Nesse documento, pois, escreveu o malvado um relatório totalmente diferente. – Depois escreveu ainda a inscrição da cruz em três linhas, com verniz, sobre uma tabuinha de cor escura. O documento em que Pilatos desculpava a sentença, foi copiado várias vezes e enviando a diversos lugares.
Os Sumos Sacerdotes discutiram ainda com Pilatos no tribunal; não estavam contentes com a sentença, queixando-se sobretudo porque tinha escrito que eles haviam exigido o adiamento da execução dos ladrões, para que fossem executados com Jesus; contestaram também o título de Jesus: queriam que escrevesse “que se declarou rei dos judeus” e não simplesmente “rei dos judeus”.
Mas Pilatos perdeu a paciência, tratou-os com arrogância, gritando furioso: “O que escrevi, fica escrito”. Ainda insistiram, dizendo que a Cruz de Jesus não devia ficar mais alta que as dos ladrões; era preciso, porém, fazê-la mais alta, porque, por um erro dos operários, ficara mais curta a parte de acima da cabeça, não cabendo o título escrito por Pilatos; esse protesto contra o alongamento da cruz era apenas um subterfúgio, para evitar a inscrição, que lhes parecia injuriosa.
Mas Pilatos não cedeu e assim foram obrigados a alongar a cruz, adaptando-lhe uma peça de madeira, à qual se pudesse fixar o título. Assim concorreram várias circunstâncias para dar à cruz aquela forma significativa, que sempre lhe tenho visto, isto é, com os braços um pouco elevados, como os galhos de uma árvore, os quais, ao sair do tronco, se estendem para cima; tinha a forma da letra Y, com a linha do centro alongada por entre os braços. Os dois braços eram mais finos do que o tronco e estavam embutidos nesse, sendo os encaixes reforçados de ambos os lados, por uma cunha fincada por baixo. Como, porém, o tronco acima da cabeça, por um erro, tivesse saído curto demais para se fixar bem visível a inscrição de Pilatos, foi preciso ajustar mais uma peça ao tronco. No lugar dos pés pregaram um pedaço de madeira, para os sustentar.
Enquanto Pilatos pronunciava a sentença injusta, vi Cláudia Prócula, sua mulher, remeter-lhe o penhor e separar-se dele Na mesma noite fugiu ocultamente do palácio e foi para junto dos amigos de Jesus, que a levaram a um esconderijo, num subterrâneo da casa de Lázaro, em Jerusalém. Vi também um amigo de Jesus gravar, numa pedra esverdeada atrás do tribunal do Gábata, duas linhas, que diziam respeito a sentença injusta de Pilatos e à separação da mulher do Procurador; ainda me lembro das palavras “judex injustus” e do nome “Cláudia Prócula”.
Mas não me recordo se foi no mesmo dia ou alguns dias mais tarde; lembro-me apenas que nesse lugar do fórum estava um numeroso grupo de homens conversando, enquanto o outro homem, encoberto por eles, gravou aquelas linhas, sem ser visto. Vi que aquela pedra ainda está, desconhecida embora, em Jerusalém, nos alicerces duma casa ou duma Igreja, situada onde antigamente era o Gábata. Cláudia Prócula tornou-se cristã e depois de se ter encontrado com S. Paulo, tornou-se-lhe amiga dedicada.
Pronunciada a sentença, enquanto Pilatos escrevia e discutia com os Sumos Sacerdotes, era Jesus entregue aos carrascos; antes houvera ainda algum respeito ao tribunal, mas depois estava o Divino Mestre inteiramente à mercê desses homens abomináveis. Trouxeram-Lhe a roupa, que Lhe tinham tirado para escarnecê-Lo em casa de Caifás; força guardada e parece-me que também fora lavada por gente compassiva, pois estava limpa.
Creio também que era costume entre os romanos levar os condenados à execução, vestidos de sua própria roupa. Despiram de novo Jesus: desataram-Lhe as mãos, para poder revesti-Lo, arrancaram-Lhe o manto vermelho do corpo chagado, abrindo-Lhe assim muitas feridas. Ele mesmo vestiu, com mãos trêmulas, a faixa em torno da cintura e os carrascos lançaram-Lhe o escapulário sobre os ombros.
Como, porém, a coroa de espinhos fosse muito larga para deixar passar-Lhe pela cabeça a túnica sem costura, que Lhe fizera a Virgem Santíssima, arrancaram-Lhe a coroa e todas as feridas começaram a sangrar, com indizíveis dores. Depois de Lhe porem a túnica sobre as feridas do corpo, vestiram-nO da veste larga de Lã branca, que cingiram com a faixa larga e puseram-Lhe finalmente o manto. Feito isso, amarraram-nO novamente com o cinturão, munido de pontas de ferro, no qual estavam presas as cordas para conduzi-Lo. Durante todo esse tempo batiam e empurravam-nO, tratando-O com atroz crueldade.
Os dois ladrões estavam um ao lado direito, outro ao lado esquerdo de Jesus; tinham as mãos amarradas e pendia-lhes, como a Jesus diante do tribunal, uma cadeia de ferro do pescoço. Vestiam apenas um pano na cintura e um gibão semelhante a um escapulário, de fazenda ordinária, sem mangas e aberto nos lados; na cabeça tinham bonés, tecidos de palha, que se pareciam com barretinhas estofadas de crianças. A pele dos ladrões era de um pardo sujo, coberta de cicatrizes, causadas pela flagelação passada. Aquele que se converteu depois, já estava calmo e pensativo; o outro, porém, irritado e impertinente, unindo-se aos carrascos para insultar e amaldiçoar Jesus, que os olhava a ambos com olhos cheios de caridade e desejo de salvá-los, oferecendo também por eles todos os seus sofrimentos.
Os carrascos estavam ocupados em juntar todas as ferramentas; preparavam-se para a triste e terrível marcha, em que o nosso amado e doloroso Salvador quis carregar o peso dos pecados de nós todos, homens ingratos e para os expiar, ai derramar o santíssimo Sangue do cálice de seu Corpo, transpassado pelos homens mais abomináveis.
Anás e Caifás terminaram afinal a discussão acalorada com Pilatos; receberam algumas tiras compridas ou rolos de pergaminho, com cópias dos documentos e dirigiram-se apressadamente ao Templo; e só por pouco não chegaram tarde.
Então se separaram os Sumos Sacerdotes do verdadeiro Cordeiro pascal; correram ao Templo de pedra, para imolar e comer o cordeiro simbólico e a realização do símbolo, o verdadeiro Cordeiro de Deus, fizeram-nO conduzir por vis carrascos ao altar da cruz. Separaram-se ali os dois caminhos, dos quais um conduzia ao símbolo e outro à realização do Sacrifício; abandonaram o Cordeiro de Deus, a pura Vítima expiatória, que tentaram macular exteriormente e insultar com todo o horror da perversidade, entregaram-nO a carrascos ímpios e desumanos e correram ao Templo de pedra, para imolar cordeiros lavados, purificados e bentos.
Haviam tomado todo o cuidado para não se sujarem exteriormente e tinham as almas todas sujas, transbordantes de ódio, inveja e ultrajes. – “Que o seu sangue caia sobre nós e nossos filhos”, tinham exclamado e com essas palavras cumpriram a cerimônia, impuseram a mão de sacrificador sobre a cabeça da vítima. Separaram-se ali os dois caminhos, que conduziam ao altar da lei e ao altar da graça.
quinta-feira, 7 de junho de 2012
ESTADO ALPHA
A REALIDADE, A IMAGINAÇÃO E A PERSPECTIVA
2012/03/10
Receituário de "psicologia", uma pseudo-ciência
Lá para o meio deste texto pode parecer estranho saber que começo por defender que, lá no fundo, não devemos ter passado por muitos episódios (ou sequer algum!) de verdadeiro livre-árbitro. Sim, acredito piamente, que somos tão permeáveis como uma esponja a todas as gotas e enxurradas que nos molham a todos os momentos. E também acredito que, lá no fundo, é isso e a genética que melhor definem esta meia dúzia de seres multicelulares que "nunca levaram porrada". Posto isto, que para parágrafo inicial até me parece já bastante, é altura de mandar parar o comboio infernal dos alquimistas da psicologia avulsa.
Determinista mas não determinável. É talvez, de todos os livros do José dos Santos, a única frase que merece uma atenção especial. Convido quem confunde o ser e o saber que olhe para ela com carinho e tente tirar de lá um isomorfismo mais atraente do que o evidente na interpretação directa daquelas 4 palavras com tão pouca individualidade. Na realidade, façam o que quiserem, só escrevi a última frase para falar de algo que, num mundo (e país, ou país e mundo) de chicos-espertos, mete mais medo do que o futuro das velhas-economias: individualidade. Determinista mas não determinável (aqui fica outra vez para não se esquecerem); imaginemos que somos mesmo tão previsíveis ao ponto de na realidade nem uma réstia de aleatoriedade sobrar para amostra, imaginemos por um momento que a forma como respondemos a uma situação é tão certa como a preservação do momento linear num jogo de bilhar teórico; ainda assim isso não implica que o que fazemos seja determinável à luz do que sabemos, porque o problema, para quem começou imediatamente a rascunhar a solução, não está só no "ser". É que o raio do jogo de bilhar, para ser uma boa analogia, tem de poder decorrer num campo de minas anti-pessoais, com bolas de râguebi, durante uma tempestade, e mesmo assim, o ilustre académico tem de conseguir determinar com precisão o movimento de todas as bolas envolvidas sabendo apenas que uma delas é vermelha e que a maior parte das bolas vermelhas é feita de marfim. Se acreditarem que podem dar uma resposta absoluta e constante, para qualquer cenário, em qualquer altura, com informação mínima e dúbia, devem parar de ler este texto imediatamente e procurar emprego na bolsa.
Lá no fundo, individualidade é tornar pouco credível acreditar que todas as bolas vermelhas desenham a mesma tabela perfeita em qualquer bilhar e acabam por entrar no buraco do meio da direita, apenas porque são vermelhas.
É claro que muitos poderão dizer que as bolas vermelhas entram mais vezes no meio do lado direito quando estão na posição certa e recebem o impacto correcto, num bilhar plano, em condições especiais, onde o atrito e as pedrinhas no pano são convenientemente varridas para debaixo do tapete, à boa maneira académica (quando os dados da experiência não confirmam a teoria, pois que se alterem os dados dirão eles). Estão correctos claramente, mas se tal coisa já é um pouco desprestigiante para uma bola vermelha, para um dos nossos seres multicelulares é um ultraje!
Quem "nunca levou porrada", adora colocar os outros seres multicelulares em caixas. É fácil, conveniente e poupa o trabalho de ter que lidar directamente com eles. Assim, lá no fundo, só é preciso perceber bem é de embalagens. Já viram o trabalho que seria encontrar um par de sapatos 42 se não os tivéssemos em caixas devidamente catalogadas? Pois então, a ideia, meu caro leitor multicelular, é sermos não só sapatos, mas sapatos dentro de caixas. E sapatos onde os tamanhos são universalmente aceites e regulados. Não há cá essas merdices dos Nikes serem sempre mais pequenos e os Americanos terem a mania de usar todas as vezes uma convenção diferente dos outros.
Quando nos vemos da mesma maneira que sapatos dentro de caixas, podemos pensar que se uma pessoa se sente bem a calçar sapatilhas 42, também se vai sentir bem com uns sapatos altos 42. Afinal até o 42 parece a resposta certa para tudo, não há que duvidar. Nem quando vemos que o exemplar de ser multicelular é na realidade o Chuck Norris... mas mais gordo... uns 120 Kg bem medidos.
Claro que na realidade só existe um Chuck Norris e todos os outros, ou seja, a grande maioria, fazem parte do grupo-dos-que-não-são-o-Chuck-Norris. Ah Estatística! A moda, a média, o desvio-padrão, as distribuições normais, o português típico! O único problema da Estatística é que pode ser tão boa a explicar, como pode ser boa a remover qualquer significado útil. Quando trabalhamos com largas populações e dados ao metro, podemos encontrar pormenores que nunca verificámos no contacto individual. Em certos casos, essas tendências podem até não se verificar de todo nos casos particulares. E o inverso é ainda mais evidente. Sim, há receitas de pseudo-psicologia que têm melhores resultados que outras. Caramba, se eu quiser vender algo provavelmente tenho mais sucesso se não insultar o cliente certo? Mas será que é possível transformar esse cliente num sapato e pô-lo numa caixa? e mesmo que seja possível, será que o leitor consegue? e depois de saber o número na caixa, será que é possível, só com essa informação, transformar a caixa numa bola de bilhar (a isto chama-se pensar out of the box... literalmente) e identificar a tacada certa a aplicar? e se for possível, será que o ego do jogador chega ao ponto de pensar ter a destreza para fazer o movimento certo e ficar à espera confiante no buraco do meio da direita?
Embora possa não parecer devido à duvidosa qualidade do texto, os Humanos são tipos inteligentes, e relativamente complexos, no mínimo para outros Humanos actualmente. Pelo menos aqueles que já "levaram porrada" são assim. Há muito que não se vê neles quando se olha para uma caixa. Há muito que não se sente quando se decora uma receita. Há muito que se perde numa interpretação absolutista parcial. Existem padrões, certo; mas achar que um punhado de características estabelece relações causa-efeito por si só (ainda para mais quando a informação que usámos para as concluir é reduzida), não é ciência, é apenas pouco mais que fé. Somos uma função disso sim, mas existem infinitas mais variáveis na expressão, muitas delas que variam também ao longo do tempo. A mudança é humana e o que chamamos sorte tem um papel que quem "nunca levou porrada" tenta em vão subestimar. Um ser humano é permeável, mas, pelo menos para já, é único: tem um património genético único (excepto os gémeos verdadeiros), uma história única, uma perspectiva do seu contexto única, um corpo único, uma educação única, amigos únicos, cicatrizes únicas... e isso não cabe numa caixa. Não se iludam com receitas; felizmente, até ao mais fundo que conseguimos ir, eles são bastante imprevisíveis... pelo menos os que já "levaram porrada".
POR CODE ÀS 02:16 0 COMENTÁRIOS
2010/09/20
instantes
vermelho, varre, volta, vai,
sobra, sim, sal e suor,
nossa, nunca, nada, nu,
oh, olha, outro, olá,
primeiro, parte, para, pó.
forte, faz, fraca, fé,
tenta, tudo, todo e talvez,
corra, corte, cole, caia,
resto, retém, ruído, rua,
mais, meu, muda, mundo.
Azul!
POR CODE ÀS 01:55 0 COMENTÁRIOS
2009/11/07
já acreditei mais
não há muito a dizer sobre todos estes dias em que se torna difícil conjugar o presente. não há muito a dizer sobre o que se é e o que se espera, nem há como falar do que não existe. as memórias são feitas de saudade mas as minhas apenas esperam para ser. razões e oportunidades são fantasias do ego para justificar a necessidade do que falta. ilusão. sem ela se esfumam todos os dias a cada amanhã que passa, e o futuro flui silencioso por entre meras lembranças de sonhos.
não vos tenho dito nada porque na verdade não há muito a dizer, e hoje não foi excepção.
POR CODE ÀS 21:35 10 COMENTÁRIOS
2009/07/14
um dia conto-te...
dizem que vives assim,
vento de um dia de sol,
suave e ligeiro,
viajante;
que passas despercebida
pelas tardes,
e me recordas o frio
de noite,
como brisa que sopra o meu rosto
e logo se esvai no horizonte.
adivinhasses tu quantos dos meus poemas são teus...
quanto do meu eu és tu...
e não voarias mais para longe,
como neste dia de sol ventoso.
POR CODE ÀS 20:13 4 COMENTÁRIOS
quebrando
as decisões mais importantes são as tomadas nos momentos em que desistir se torna a opção mais fácil.
POR CODE ÀS 15:29 0 COMENTÁRIOS
2009/07/04
sou mais que eu
não penses sequer que te esfumaças novamente,
por entre a penumbra da cobardia que me cega,
quebrar-me-ei se necessário em inúmeros e repetidos dias incertos,
para poder amar a diferença em cada momento deles.
viverei como souber, não saberei como viveria,
pois infinitas regras não valem metade de um sorriso.
antes negativo que nulo,
antes derrotado que transeunte,
antes vivo que morto.
é agora o momento para saber que o amanhã nunca será.
desta vez não vou desistir enquanto não respirar o mundo de uma só vez.
POR CODE ÀS 01:38 1 COMENTÁRIOS
2009/06/25
"there's room at the top they are telling you still"
"...but you're still fucking peasants as far as I can see..." - J.L.
POR CODE ÀS 03:04 1 COMENTÁRIOS
2009/06/20
objectivos individuais: obrigatoriamente relativos, únicos e mutáveis
os únicos desafios que merecem ser aceites são os que colocam em causa tudo aquilo que pensas ser.
POR CODE ÀS 17:29 1 COMENTÁRIOS
2009/05/31
your rules
subtitles are just subtitles
POR CODE ÀS 02:51 2 COMENTÁRIOS
2009/05/24
o sentido de uma vida
não são as vitórias nem as glórias,
ou os elogios e os trocados...
o aplauso de uma vida
é apenas o que quero ouvir no fim.
POR CODE ÀS 00:05 2 COMENTÁRIOS
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domingo, 20 de maio de 2012
segunda-feira, 30 de abril de 2012
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